Cervil
Coluna sobre cultura cervejeira, harmonização e música. Todas as segundas quintas-feiras do mês no Sabor Sonoro.
Cerveja! Bebida milenar fermentada, “carbonatada” e alcoólica. Proveniente do amido contido preferencialmente em grãos maltados. Segundo tradições seculares, é a união de água, fermento, lúpulo e malte. É o “pão líquido”. Pode também conter outros ingredientes como frutas, chocolate, rapadura, ervas, especiarias, mel… Enfim, a cerveja.
A cerveja é filha de ambientes rigorosos e hostis, de povos consumidores de comidas fortes e nutritivas, como carne e batata, e dados à agricultura. É uma bebida eminentemente popular, porque mais barata para ser produzida, mais adaptável a climas diversos e mais generosa em suas doses, ainda que possa ser produzida com requintes e processos que a tornam uma bebida por vezes sofisticada, rica e complexa.
Também considerada a “bebida da civilização” pela elevada elaboração técnica e pela não espontaneidade de sua fabricação, pois requeria algumas tecnologias como a agricultura e a cerâmica em sua origem. É dividida genericamente em três grandes famílias que são a Lager; a Ale e a Lambic (que inclui outras cervejas de fermentação espontânea como Faro e Gueuze), embora existam cervejas que não se assentam bem em nenhuma dessas grandes classificações, como é o caso das Altbier e das Kolsch. Dentre essas famílias, circulam alegremente cerca de 150 estilos de cerveja.
A palavra “cerveja” começou a ser usada por soldados romanos após o retorno deles de uma campanha na Gália, daí atribuir-se aos gauleses a criação da fonte latina desse termo. Plínio, o velho (22-79 d.C.) seria o primeiro, segundo historiadores, a usar a palavra “cerveja” em documentos escritos pelas mesmas razões e com a mesma acepção que se usa hoje.
Como dizia Plutarco: “A cerveja aumenta e alimenta as amizades”. Por meio dela encontrei um hobby, mais uma razão para estudar, um motivo de diversão e uma nova profissão; e foi por meio desse nobre líquido que encontrei mais alguns bons amigos, dentre eles o Marcel, que me concedeu uma grande honra quando me convidou para escrever sobre a relação entre cerveja, música e gastronomia no Sabor Sonoro. A partir de agora, escrevo aqui também sobre esses grandes prazeres com foco em harmonizações entre cerveja e boa comida, como as que povoam esse blogue quase comestível a que me uno a partir de hoje.
Despeço-me agora com uma playlist ótima (“Quem tem groove, tem tudo”) de um DJ de Florianópolis, Renato Magrini, que combina lindamente com uma bela Pilsen Premium com adição de guaraná que, além de refrescante, é, apesar do nome, bem brasileira: Göttlich, Divina Pilsen. Deem especial atenção ao funk/soul surpreendente do Rei Roberto Carlos.
Saudações cervejeiras, musicais e gastronômicas,
Estéfani Martins
Professor, sócio do restaurante Santo Malte, membro da Confraria de Cultura Cervejeira do Cerrado (CCCC) e membro da ACervA Mineira.