aperitivos, harmonização, harmonizando, jerez, vinho, vinho para todos

Vinho & Mesa :: Jerez, um vinho para harmonizações difíceis

Um prazeroso petisco, rápido e fácil.
Desde que assumi a responsabilidade de colaborar mensalmente com o Sabor Sonoro passei a observar melhor as oportunidades de harmonização que tenho e numa dessas apareceu a chance de escrever sobre um dos vinhos mais importantes do mundo, mas que não é muito comum em nosso dia-a-dia, o Jerez.
Essa oportunidade surgiu de uma ideia do Marcel Gussoni de elaborar um aperitivo à base de pêra, gorgonzola, prosciutto e rúcula. Quando me enviou a foto do petisco pensei: doce, salgado, gordura, picância e amargo. Com tantas sensações diferentes ou vamos de espumante ou vamos de Jerez, porque ambos são vinhos “coringa” em harmonizações. Mas, diante de um desafio tão interessante, optei por experimentar a opção menos frequente em nosso cotidiano.
Primeiramente é bom explicar resumidamente o que é o Jerez, também conhecido como Xérès ou Sherry.
É um vinho produzido há cerca de 3.000 anos na região espanhola da Andaluzia, próximo à cidade de Jerez de La Frontera, o que explica seu nome. É um vinho fortificado, ou seja, existe o acréscimo de aguardente vínica.
As uvas mais utilizadas são a Palomino e a Pedro Ximenez e às vezes a Moscatel, podendo variar do extremamente seco ao doce. Os tipos mais comuns são Fino, Amontillado, Manzanilla e Oloroso.
Em nosso caso o vinho era Fino, elaborado com uvas Palomino. A elaboração desse tipo é basicamente a seguinte: elabora-se um vinho fermentado em barricas de carvalho. Essas barricas são preenchidas parcialmente (cerca de 5/6 de sua capacidade) deixando um pouco de ar em seu interior, com a finalidade de permitir a formação de uma película que é chamada de “flor” pelos enólogos, fruto da ação de uma levedura (Sacharomyces). Estando pronto o vinho, acrescenta-se aguardente vínica, um destilado de uvas que torna o vinho “fortificado”, elevando seu teor alcoólico para a casa dos 15%.
Esses vinhos mantêm uma homogeneidade independente da safra, o que é possível através do sistema de soleras, no qual os vinhos de safras mais recentes são misturados aos de safras mais antigas para que essa mescla garanta resultados semelhantes a cada ano.
Jerez do tipo Fino deve ser servido à temperatura dos brancos, entre 7 e 9ºC. Tem visual dourado claro, com aroma bem presente de amêndoas e na boca é seco, de pouco corpo e acidez discreta, com teor alcoólico em torno dos 15,5%. Nos aromas a ideia é de que seja um vinho mais adocicado, mas na boca é surpreendentemente seco.
Os aromas dão uma ideia, na boca a sensação é outra!
Essas características sensoriais tornaram o Jerez famoso por ser o par ideal para ingredientes difíceis, portanto, muito versátil à mesa. Nos livros sobre vinhos é o acompanhamento ideal para tapas e para o jamon, famoso presunto cru espanhol. Mas também suporta todos os pratos que são o terror dos vinhos tranquilos, como aspargos, alcachofras, comida picante, saladas com vinagre, peixes defumados, azeitonas etc.O aperitivo foi uma mistura de sensações muito interessante, daquelas em que seu cérebro busca identificar em cada pedacinho o sabor que ali está. Mas, quando bebido com o Jerez a experiência elevou-se a um patamar que eu particularmente não tinha imaginado, porque o vinho acrescentou ao petisco um sabor que ainda não estava lá. Além de “limpar a boca” porque é muito seco o vinho deu à comida as notas de amêndoas que não estavam presentes nos demais ingredientes. No final de boca ainda era possível sentir a presença de todos os ingredientes em equilíbrio.Esse é um resultado que nem sempre conseguimos nas harmonizações, ou seja, =&5=&

O vinho que abrimos é elaborado pela González Byass, vinícola fundada em 1835 e custa na faixa dos R$80-85.

Saúde a todos!

Gil Mesquita

Professor universitário em cursos jurídicos, enófilo apaixonado, mantém desde 2006 o blog Vinho para Todos.

Continue lendo
alice, eventos, receitas, vegetarianas, vegetariano

A cozinha da Alice #31 – Menu Veg

Ainda sou aluna, e acho que vou ser eternamente. Mas, de vez em quando, me atrevo a dar aulas pra passar pra frente as coisas que aprendi até agora. Especialmente massas e comidas vegetarianas. Na verdade, mais parece um vício esse. Basta alguém me perguntar se naquele prato vai queijo: quando percebo, lá estou explicando a receita toda, pela segunda vez, sem ninguém ter me perguntado.

Continue lendo
bacalhau, cardápio, menu, páscoa, peixes, receitas, semana santa

Receitas de Páscoa

A Semana Santa e a Páscoa estão chegando, mas nos supermercados tenho a impressão de que estão colocando ovos pendurados desde o carnaval….
O que para alguns pode parecer restrição para mim é um grande prazer: adoro peixes e o blog está cheio de receitas para você experimentar.
Pra facilitar a busca, junto aqui algumas opções que podem fazer parte do seu cardápio. Algumas entradas, muitas receitas de peixe e sobremesas para você testar nos encontros gastronômicos desta época.
Desejo uma Páscoa deliciosa para todos!

Continue lendo
destaque, fácil, lanches, light, peixes, receitas, salmão

Receita de wrap de salmão defumado, cottage e tomate cereja

Todo mundo conhece esta cena: você chega em casa, cansado pra caramba, uma fome de náufrago e abre a geladeira. Um eco estilo Grand Canyon reverbera pelas prateleiras vazias. Você xinga baixinho e  estoura um saco de pipoca de microondas.

Dia desses pensei que essa cena ia acontecer comigo, mas por sorte encontrei três massinhas de Rap 10, uns tomatinhos na gaveta e um restinho de queijo cottage. Já estava feliz quando lembrei que tinha umas fatias de salmão defumado no freezer. Alegria total e a sensação que os anjos conspiraram ao meu favor, achar salmão defumando no freezer não é uma coisa muito comum…

Continue lendo
cerveja, estéfani martins, harmonização, harmonização. cervil, santo malte

Cervil: Cerveja, gastronomia e harmonização

Foto: Marcel Gussoni
Cerveja, gastronomia e 

harmonização

“Gastronomia é comer olhando pro céu.”
 (Millôr Fernandes)
“Quem não se importa com o próprio estômago, dificilmente se irá importar com outra coisa.”
(Samuel Johnson)
“Comer, beber, e amar… O resto não vale um níquel.”
(Lord Byron)
Desde sempre a cerveja manteve uma forte e próxima relação com os alimentos, sua origem agrícola e associação à produção de pão é uma demonstração inequívoca disso.
Entretanto, comumente, a cerveja é vista sem protagonismo no universo da gastronomia, ainda que isso tenha mudado muito, graças ao trabalho de chefs jovens e ousados ou mesmo de mestres como o cervejeiro da Cervejaria Brooklin (New York) e gastrônomo Garrett Oliver. Isso ocorre – especialmente no Brasil – muito em função de a cerveja ainda ser vista prioritariamente dentro de um contexto associado a entretenimento festivo e descompromissado, o que pode ser ótimo, porém essa visão esconde inúmeras possibilidades sensoriais representadas pelos mais de 100 estilos de cerveja aos quais hoje se tem considerável acesso em várias cidades brasileiras.
Por outro lado, a cerveja destaca-se cada vez mais como bebida gastronômica em razão da carbonatação que empresta adstringência a qualquer harmonização, além dos sabores tostados, defumados e caramelizados que são únicos entre as bebidas fermentadas. Em função dessas novas possibilidades, iniciou-se um processo de revitalização da cerveja como companhia de pratos sofisticados nos melhores restaurante do mundo, sem que ela perca o aspecto democrático e informal que a popularizou em praticamente todo lugar.
Sobre a harmonização entre cervejas e comida, é crucial o conhecimento prévio tanto do perfil organoléptico da cerveja quanto dos ingredientes e do modo de preparo do prato com o qual se quer harmonizá-la. De outra forma, pode-se correr riscos e aventurar-se por combinações inexploradas e às cegas, o que pode no mínimo ser instrutivo, como também pode ser tremendamente prazeroso.
No universo teórico da harmonização, é mais fácil combinar pratos e cervejas por semelhança, por exemplo, um prato delicado com cervejas de sabores discretos e equilibrados ou pratos gordurosos e condimentados com cervejas potentes e picantes; por outro lado é possível harmonizar também por contraste ou por corte. Neste caso, uma cerveja amarga e alcoólica pode “cortar” os sabores excessivos de uma sobremesa com massa amanteigada e recheio muito doce. Naquele, pode-se pensar em opostos que se somam ao invés de competirem como é o caso de uma Dry Stout harmonizada com sashimi. Entretanto, essas relações, embora elogiadas por muitos, podem não agradar há outros tantos, todavia algumas informações gerais podem ser consideradas na construção de harmonizações entre comida e cerveja:
1.      O amargo do lúpulo limpa o paladar de pratos muito gordurosos ou potentes.
2.      As notas torradas do malte podem remeter a aromas e sabores caramelizados, achocolatados, de café, de toffee ou até de defuma, o que pode harmonizar com sobremesas mais potentes baseadas em chocolate, café, caramelo, etc., ou mesmo assados caramelizados.
3.      A levedura pode emprestar à cerveja aromas frutados e condimentados, o que pode combinar com sobremesas frutadas ou mesmo com pratos mais complexos e potentes.
4.      A água ajuda no delineamento do corpo e da densidade de uma cerveja, por isso pode auxiliá-la a ser leve ou encorpada.
5.      Adjuntos cervejeiros como especiarias, frutas, ervas, etc., podem conferir as características mais variadas às cervejas, o que amplia o espectro de possibilidades de harmonização delas até com as comidas mais exóticas e inusitadas.
6.      Cervejas da família Ale são normalmente mais potentes, condimentadas e alcoólicas. Já as da família Lager são conhecidas no geral pelo seu perfil leve e refrescante. As da família Lambic são famosas pelo seu sabor intenso, acético e, por vezes, amadeirado.
7.      A bebida é a acompanhante do prato, e não o contrário, cuidado para não sobrepujá-lo com uma cerveja que concorra com ele a ponto de boicotá-lo.
8.      Cervejas oriundas de uma determinada região de um país costumam combinar bem com os pratos típicos da gastronomia local.
9.      Comidas muito picantes ou gordurosas harmonizam com cervejas amargas e bem carbonatadas.
10.  Cervejas escuras harmonizam geralmente bem com assados, churrasco, molhos oriundos de reduções lentas e sobremesas a base de chocolate.
11.  Cervejas ácidas combinam bem com sobremesas cítricas ou “cortam” adequadamente comidas muito gordurosas.
12.  Cervejas de sabor delicado e leve harmonizam com saladas, peixe e frango grelhados.
13.  Com frituras em geral, cervejas claras, bem carbonatadas e amargas são combinações consagradas.
 
Para além disso, é fundamental compreender que a cerveja é farta em possibilidades de combinação quando pensamos o amplo espectro de aromas e sabores possíveis nos diversos estilos de cerveja, como são os casos dos fortes aromas e sabores defumados de uma Rauchbier combinados com um assado de porco bem condimentado e, talvez, caramelizado; ou a delicadeza refrescante de uma Witbier harmonizada com uma sobremesa cítrica; ou mesmo harmonizações clássicas como cervejas muito lupuladas com pratos condimentados; ou cervejas claras de trigo com pratos grelhados, frutos do mar, peixes, saladas e queijos delicados; ou uma Lambic Fruit como acompanhamento para sobremesas a base de frutas in natura ou em calda; ou ainda uma sobremesa de chocolate amargo com alguma Stoutpotente e aromática.
            Contudo, o importante é experimentar combinações além das consagradas ou tradicionais quando se quer novas experiências e, depois, voltar para o porto seguro do conhecido e já experimentado, ou seja, apesar das muitas regras e de livros dedicados ao tema da harmonização de comida e bebida, deve-se buscar combinações que agradem ao seu paladar. Por isso, textos como esse devem ser tomados menos como referencial e mais como ponto de partida para uma nova ou melhorada relação entre esses dois universos, complementares e tão importantes para o desenvolvimento intelectual, cultural e social do ser humano como são a comida e a cerveja.


Para ouvir harmonizado com uma bela cerveja escura, por exemplo, a excepcional Benedith Gaulesa do amigo e mestre-cervejeiro Roni Godinho, uma playlist focada em Black Music, espero que gostem.


Música negra brasileira – influências estrangeiras

Continue lendo
ao forno, bacalhau, cuscuz, páscoa, peixes, receita

Bacalhau assado e cuscuz marroquino

Só não como mais bacalhau porque aqui os preços não costumam ser convidativos, principalmente quando se trata do “lombo”, aquela parte alta e deliciosa do peixe, perfeita para assar ou grelhar em grandes pedaços e ir saboreando as lascas beeem devagar…
Mas quando vou a SP não deixo de trazer um pouco pra casa, o último que chegou por aqui virou este prato da foto.
Também acho que o bacalhau é um ingrediente que merece reinar no prato, nada de temperos ou acompanhamentos que o diminuam ou conflitam com seu sabor.
Por isso nesta receita ele foi assado com muito azeite, dentes de alho e alguns ramos de ervas frescas, em forno bem baixo, acompanhado por um cuscuz marroquino levemente agridoce.Lembre-se que é importante usar o cuscuz específico para essa receita, que normalmente é encontrado nos empórios gourmet ou supermercados com um bom mix de importados. Não desanime, uma caixinha de 500g custa menos de R$ 10,00 e rende umas dez porções, além de ser uma receita bem simples e rápida. Você pode também experimentar como acompanhamento o arroz branco ou um purê cremoso de batatas ou abóboras.

Apesar da aparência sofisticada é um prato fácil de fazer, confere aí!

Bacalhau
Ingredientes:
(4 pessoas)
– 800g de lombo bacalhau dessalgado
– 8 tomates tomates cereja maduros
– 2 dentes de alho
– ramos de ervas frescas (usei tomilho, sálvia e salsinha)
– pimenta do reino a gosto

Preparo:
Em um refratário coloque o bacalhau dessalgado, tomates cereja inteiros, dentes de alho inteiros descascados e alguns ramos de ervas. Acrescente bastante azeite, o suficiente para chegar pelo menos a metade da altura do bacalhau e cobrir todos os outros ingredientes. A dica é usar um refratário pequeno para que os ingredientes ocupem todo o espaço, assim você usa menos azeite.
Cubra o recipiente com alumínio e leve ao forno na menor temperatura possível (usei 150º) por 90 minutos.

Continue lendo
calendário, promoções, sorteios

Promoção: Sorteio Calendário Sabor Sonoro 2013

Em 2011 tive uma grande vontade de fazer um calendário para o Sabor, a idéia era simples: doze meses em lâminas que trariam receitas variadas dentro de uma caixinha de CD, para brincar com a proposta musical do blog.
Quase dois anos se passaram da idéia à concepção, nasceu como foi imaginado e ainda ganhou mais duas páginas com tabelas de sazonalidades dos principais horti-frutis. Confesso que fiquei bem orgulhoso com o resultado!
Não posso deixar de agradecer a Renata, minha designer favorita e companheira de trabalho pela bela direção de arte. 🙂

Continue lendo
AC/DC, banda, beer, cerveja, novidade, produtos, rock, vinho

AC/DC Beer – ‘The Beer For The Real Rockers’

Não sei vocês, mas quando o assunto é música, eu curto um bom rock’n’roll: Rolling Stones, Kiss, AC/DC. Essas bandas estão sempre além de seu som e inovam lançando produtos vinculados e goodies para os fãs. Ano passado, o Rolling Stones lançou um whisky comemorativo aos seus 50 anos e o AC/DC, vinhos que levam nomes de suas músicas como Back in Black Shiraz, Hells Bells Sauvignon Blanc, Thunderstruck Chardonnay.

Continue lendo