Cozido Português
Quem acompanha o blog sabe que sou fã de comidas com “sustância”. Pratos robustos sempre foram o meu fraco.
Mas esses dias meu cunhado João e o Paulo me apresentaram um prato que ganhou um camarote no meu coração, do lado da feijoada, do cassoulet e da carne de panela: o cozido português.
Aqui aproveito para pedir perdão principalmente aos leitores portugueses do blog: eu, nos meus 30 e tantos anos de idade, não conhecia essa receita fantástica. Assim minha vontade de conhecer essa terra aumenta a cada dia!
Como todo prato tradicional, podemos encontrar muitas variações da receita, mas essencialmente leva legumes, embutidos e carnes variadas.
Esta que compartilho com vocês é do pai do Paulo, o Sr. Ricardo Guimarães.
Uma daquelas refeições para esquentar o corpo e a alma.
Ingredientes:
(servem muuuitas pessoas, pelo menos 20!)
– 3 kg de batatas médias partidas ao meio
– 1,5 kg de cenouras, divididas em quatro partes
– 1,5 kg de cebolas em anéis
– 2 brócolis
– 2 kg de paio em fatias e sem pele
– 2 kg lingüiça calabresa fatiada
– 2 kg músculo bovino
– 1 kg charque traseiro
– 1 cabeça de alho grande
– 2 colheres de sopa de extrato de tomate
– 2 kg Lingüiça farinheira
– 1 Couve-flor grande
– Pimenta bode e do reino a gosto
Preparo:
Em uma panela, refogue metade da cebola, alho e cozinhe o músculo até ficar macio, colocando água quando necessário (uma panela de pressão adianta bem este serviço). Reserve.
Cozinhe o charque para dessalgar e reserve.
Com uma panela grande, refogue o restante do alho e a cebola, acrescente a calabresa, o paio e deixe refogar.
Depois acrescente a batata, a cenoura, a cebola, a couve flor e misture. Complete com água ate cobrir os ingredientes. Coloque duas colheres grandes de extrato e acrescente a pimenta e o sal a gosto.
Ao levantar fervura, abaixe o fogo tampe e deixe cozinhar até a batata ficar cozida, mas ainda firme.
No final, coloque os brócolis e por cima a linguiça farinheira e tampe a panela por quinze minutos até elas estourarem.
Aí é só servir!
Para acompanhar, compartilho aqui uma playlist com algumas horas de Fado, para você harmonizar com o Cozido e um bom vinho português.
Bom apetite! 🙂
Bem… São nove da manhã aqui em Portugal e ver este post deu-me fome!!!
Gosto de ver estas incursões pela comida portuguesa.
Apenas a bem da verdade gastronómica uma pequena nota: a couve-flor e os broculos não fazem bem parte deste prato. Foi um “twist” teu?
Reparo também que serviste com bastante líquido, quase como um “cassoulet”: EXCELENTE IDEIA!!!
Espero ver mais incursões pela gastronomia portuguesa 😉
Grande Miguel! Feliz em ver seu comentário por aqui. Queria mesmo saber a opinião de quem entende do assunto.
Acho que o brasileiro é o campeão em adaptar receitas tradicionais. Hábito que com certeza nasce da nossa mistura de raças. Algumas vezes essas “intervenções” funcionam muito bem, outras são assustadoras. Aqui na minha cidade existe uma pizzaria que serve pizza acompanhada de arroz e vinagrete. Imagina um italiano presenciando essa heresia…
Sobre o cozido, a receita é do pai de um amigo. Foi o meu primeiro contato com este prato e realmente gostei muito! O brócolis e o couve-flor pelo que me parece já são uma adaptação verde-amarela, mas funcionou muito bem!
Estamos planejando uma visita ao seu país no final do ano, espero que ela se realize, assim espero que possamos provar esse e outros pratos portugueses juntos. Se conseguir de fato te aviso.
Ah, não esqueci do seu peixe com presunto. Em breve ele deve aparecer por aqui, claro que com uma leve “abrasileirada”, como tudo que colocamos no fogo 🙂
Abraços
Marcel
Ficou bonito. Sendo filha de uma portuguesa já vi muitas versões de cozido, inclusive minha Mãe passou a colocar espiga de milho na versão dela, apesar de sempre frisar que isso é coisa de brasileiro. Mas com certeza é a primeira vez que vejo com brócolis e couve flor.
Aqui em casa além das carnes e do feijão branco, fazemos com repolho, couve, batatas inglesa e doce, cenoura, cebola e nabo. Minha Mãe diz sempre que batata, couve e nabo não podem faltar. Fica fantástico com um pirão feito com o próprio caldo.
Olá Luisa!
Acabei de responder ao Miguel, amigo portugês que é chef de cozinha, que estava realmente curioso pra saber a opinião dos portugueses sobre o prato.
Pelo que percebi a couve e o brócolis já são adaptações brasileiras da receita, como tudo que chega por aqui.
Fiquei curioso para experimentar a combinação de ingredientes que citou, mas o que deu água na boca só de pensar foi esse pirão! 🙂
Obrigado pelo comentário!
Bjs
Marcel
Este cozido realmente é muito gostoso. Quero um dia frio p/ ser esquentado por ele rsrs
Engraçado ler esse post e ver que suas comidas preferidas são justamente as especialidades do meu pai: cassoulet, feijoada e cozido. Cresci entre travessas assim feitas na fazenda e depois no sítio de minha avó.
Realmente o cozido é especial e recentemente conheci a versão argentina do prato o Puchero, feitos com legumes e ossobuco. Qualquer dia posto a receita no meu blog e te aviso para que possa experimentar tb!!
Abraços,
Sofia
Que delícia!
Tive a oportunidade de experimentar e ficou ótimo! Perfeito para o Outono/Inverno!
Quero fazer uma observação neste prato que lógico deve ter ficado uma delícia. Entretanto digo que em lado nenhum em Portugal se faz um cozido assim. Como o nome do prato diz é um COZIDO e não tem refogado aqui e ali.
As carnes, os enchidos e os legumes são COZIDOS em água e sal…mais nada. Não tem nada que irrite mais um português do que alterar seus pratos mais tradicionais. Portando este é um cozido mas não português.
Sou cozinheiro, tenho 11 anos de cozinha tradicional portuguesa.
Espero ter contribuído.
Olá Moisés ! Agradeço suas considerações e sinto se as alterações nas receita tradicional irritem alguém. A proposta deste blog é compartilhar experiências gastronômicas que me cativam. Essa receita foi assim me apresentada, e apesar dessas e outras intervenções, típicas dos brasileiros, ficou muito saborosa.
Espero que as pessoas que como eu, conheceram essa receita, se interessem por buscar as raízes da mesma e assim conheçam um pouco mais desta culinária tão rica. Eu com certeza farei isso.
Abraços
Marcel
Ontem ( 03/04/14 ), elaborei esta receita para o jantar. Ficou …..ÓTIMO !
Parabéns aos elaboradores, e obrigado por repartirem coisas boas com outras pessoas.
E.T. = vou esquentar para o almoço hoje !
Abs-
Joao Oscar
Marcel,
Amo cozido português, amo Lisboa, amo Portugal e amo o Sabor Sonoro. Vá o mais rapidamente que puder a essa terra linda. Acompanho o site e tenho certeza absoluta de que vai adorar a “terrinha”. Gostando como gosta de comer bem, Portugal será um deleite. Bjs, Carla.
É verdade esse seu prato parece delicioso, mas não é um cozido português.
Cozido português, como o nome indica é só cozido, não leva refogado e não leva brócolos, couve-flor, nem cebola.
Em vez disso, leva muita couve lombarda, um couve muito parecida com repolho e muitas espécies de enchidos: linguiça, chouriço de carne, chouriço de sangue, farinheira…
Quando vier a Portugal experimente, mas num restaurante de comida portuguesa tradicional. No inverno, quase todos os restaurantes, em Lisboa, têm cozido ao almoço de quarta ou quinta-feira.
Em Lisboa, vá até à zona da Graça, uma zona muito típica, delicie-se com as vistas da cidade do Miradouro da Graça (aproveite a esplanada para descansar um pouco) e do Miradouro da Senhora do Monte e coma um cozido no Restaurante Pitéu, no Largo da Graça.
Faça uma procura por Restaurante Pitéu, Lisboa e encontra muita informação e muitas recomendações. Telefone antes para saber se há cozido (creio que lá é à quarta-feira) e reserve uma mesa ou chegue cedo.
O restaurante é relativamente pequeno mas toda a comida é verdadeiramente portuguesa e muito bem confeccionada com produtos de qualidade. Se não houver cozido, há de certeza outros excelentes pratos da cozinha tradicional Portuguesa.
Não perca tempo, venha! Vai ser muito bem recebido.