Vinho & Mesa :: Tiramisù e vinho do Porto, uma clássica combinação.
Há muito tempo queria escrever uma coluna de harmonização com alguma sobremesa. Então, o convite do Marcel e da Carol para uma “noite italiana” em sua casa foi ocasião perfeita para realizar esse desejo, porque sabíamos que a Alice serviria um tiramisù ao final.
Pra quem gosta de sobremesas esse é um clássico obrigatório!
Em italiano tiramisù quer dizer algo próximo a “levanta-me” ou “puxa-me para cima”, fazendo alusão à energia do prato, que realmente é bem revigorante, uma combinação perfeita de seus ingredientes.
Sua origem é discutível, mas é certo que nasceu na Itália. A mais provável origem é Treviso, uma comuna com pouco mais de 80.000 habitantes, no nordeste do país, na região do Vêneto.
Na receita original utiliza-se pão de ló, mas aqui no Brasil substituímos por biscoitos “champagne” mergulhados em café, servidos com um creme à base de queijo mascarpone e chocolate amargo. No caso do tiramisù que foi servido em copinhos americanos não vou me arriscar a dizer os ingredientes, mas é certo que a Alice publicará a receita no Sabor Sonoro.
Aliás, pra quem quiser ver umas imagens e receitas desse jantar é só clicar aqui.
Bem. Quando eu pensava na harmonização perguntei pra minha esposa: “qual sabor te vem primeiro à cabeça quando falo em tiramisù?” Ela respondeu: café! Imediatamente pensei num vinho do Porto e foi com essa ideia que fomos pro jantar.
O Porto é um vinho fortificado, isso significa que em sua elaboração existe adição de aguardente vínica. Dizem que isso foi ideia dos ingleses que importavam vinhos portugueses, que naquele tempo chegavam estragados a Londres. Para evitar o processo de deterioração começaram a acrescentar álcool ao vinho, que chegava melhor para o consumo, embora bem mais “quentes”.
Hoje, inicia-se pela elaboração tradicional de um vinho tinto, mas a fermentação é interrompida com o acréscimo da aguardente. Com isso, o nível de açúcar ainda é alto no líquido e o álcool vai lá pra cima. O resultado é um vinho doce e alcoólico. Se tem passagem por madeira, como nos vinhos Tawny e Vintage, o resultado é um vinho com aromas e sabores mais complexos ainda.
Mas, o bom dessa harmonização é que você não precisa gastar muito com o vinho, porque mesmo os mais simples (estilo Ruby) cairão muito bem com o tiramisù. E por que isso acontece? Porque o doce do vinho está na medida certa para a sobremesa. Além disso, o álcool dá potência suficiente para o vinho fazer frente ao chocolate e ao café, dando uma sensação muito agradável, digna dos momentos em que encerramos uma bela refeição.
Já testamos harmonizar o tiramisù com outros vinhos para sobremesa, como os colheita tardia (late harvest) e espumante moscatel. Mas, nos dois casos, o resultado não foi tão especial.
Saúde a todos!
Gil Mesquita
Professor universitário em cursos jurídicos, enófilo apaixonado, mantém desde 2006 o blog Vinho para Todos.
www.vinhoparatodos.com.
E a receita do Tiramisù?
Olá Gabriella, não é exatamente esta, mas aqui tem uma que você pode gostar: http://saborsonoro.com.br/2009/05/uhu-tiramissu/