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No tempero foi usado limão China, companheiro indispensável da costela suína. |
Quem é carnívoro dificilmente rejeita uma
costela suína no forno. Aqui em nossa região é um prato tradicional que costuma acompanhar as outras criações da culinária mineira.Pra escrever essa coluna pedi à
Érika, minha esposa, para fazer uma costela porque eu queria harmonizá-la com um tinto espanhol da uva
Tempranillo. Em alguns livros as carnes suínas e seus derivados (inclusive embutidos) são a companhia ideal para esses vinhos, porque não são muito tânicos, tem acidez moderada e sua passagem por madeira deixa o vinho amigável, não deixando que “atropele” o prato que tem lá sua delicadeza de sabores.Aqui em casa já fizemos várias harmonizações que foram muito boas, com Merlot brasileiro, com um ótimo Bordeaux recentemente publicado no meu blog (
veja aqui) e hoje a ideia era tentar a clássica combinação com a Tempranillo.
Mas, de última hora resolvi mudar o vinho e tentar um Malbec que estava na adega. Mas, não um argentino, que costuma ser rico em cor, em aromas frutados, taninos e álcool. É um Malbec vindo da França, mas especificamente da região de Cahors, no sudoeste do país, vizinha de Bordeaux. Essa região é o “berço” da Malbec, que só veio para nosso vizinho na metade do século XIX.
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Esse vinho tem 80% Malbec e 20% Merlot, mas a legislação da região permite que seja rotulado como varietal (uma uva apenas) se levar pelo menos 70% de Malbec.
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Esse vinho especificamente é simples, algo esperado pela faixa de preços (R$36 no site da
Wine), mas tem muitos atrativos, porque é muito gastronômico, seco, com taninos elegantes e boa acidez. Sinceramente eu esperava um vinho mais rústico, mas está num ótimo momento para consumo, já macio e não vejo razões para guardá-lo mais. Se tivesse outra garrafa beberia já.
E por que a harmonização ficou tão boa? Porque ao beber o vinho nenhuma de suas características se sobrepôs ao prato e vice-versa. Os sabores adocicados da costela e do purê de batata baroa e cabotiá foram delicadamente envolvidos pelo vinho, deixando na boca uma sensação de equilíbrio entre vinho e comida, alguma lembrança terrosa e da passagem por madeira (10 meses).
Quando experimentamos a carne e o purê com o mini-agrião e o vinagrete (tomate, cebola, salsa, cebolinha e azeitona preta) pensei que talvez destoasse um pouco a harmonização por causa dos sabores ácidos, mas novamente fomos surpreendidos com um ótimo resultado.
Então, acrescento hoje mais um vinho interessante na minha lista de harmonizações com costela suína: o Malbec francês! Mas, você ainda pode tentar com um Tempranillo (Espanhol, de preferência), um Merlot brasileiro ou um Bordeaux.
Ah! A receita estará no Vinho para Todos na próxima semana.
Saúde a todos!
Gil Mesquita
Professor universitário em cursos jurídicos, enófilo apaixonado, mantém desde 2006 o blog Vinho para Todos.
www.saborsonoro.com.br
Gosto muito de costela de porco.