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Meu Boeuf Bourguignon

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Antes de falarmos da receita acho importante explicar uma questão sobre a palavra “meu” no título deste post.

Já percebi que sempre que publico alguma receita mais tradicional como moqueca, cozido português, carbonara e pratos do gênero, sempre alguém comenta bravo algo do tipo:

“Mas como você não coloca coentro na moqueca?”
“Mas como você troca endro por cheiro verde no gravlax?”
“Mas esse cozido português não é um Cozido Português.”

Então só queria deixar explicado que, quando coloco um “Meu” na frente da receita, é porque essa é a minha interpretação de tal prato, é o meu jeito de fazer. Se não for assim não vejo motivo pra publicar. Porque repetir qualquer receita por aqui que já existe em centenas de sites, muitas vezes melhor explicada ou executada do que a minha?

Que fique claro: adoro os comentários no blog, não vejo problema nenhum em ser questionado ou corrigido sobre qualquer receita ou ingrediente. Só acho importante deixar isso explicado para ninguém ficar bravo com qualquer alteração em pratos tradicionais que aparecem por aqui, ok? 🙂

Sendo assim gostaria de falar de um prato que tenho verdadeira adoração: o Boeuf Bourguignon.
Em tradução livre seria algo como “Carne à Borgonha”, um cozido de carne bovina que tem origem nessa tradicional região vinícola, e gastronômica, da França.

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Uso como base (simplificando um pouco) a receita do livro “A autêntica culinária francesa” do Daniel Galmiche. Livro que recomendo muito.
Esta é uma receita relativamente fácil apesar da quantidade de ingredientes e do tempo de preparo, e acho que o resultado vale cada minuto investido.

Ingredientes:
– 1.5 kg de músculo (já testei outras carnes para cozido, mas essa é minha preferida)
– 1 litro de vinho tinto seco (a original usa vinho da Borgonha, não tenho coragem ou orçamento pra isso, uso qualquer sulamericano honesto)
– 1 dose de conhaque
– 4 dentes de alho picados
– 1 cebola grande picada
– 150g de champignon
– 2 colheres (sopa) de farinha de trigo
– 100g de cebolinhas em conserva
– 1 lata pequena de extrato
– 1 bouquet garni (um bocado de salsa, tomilho, louro e alecrim)
– 3 cenouras picadas
– 2 linguiças calabresas picada em cubinhos (ou o mesmo peso em bacon ou pancetta defumada)
– 1 colher (sobremesa) de noz moscada ralada
– sal e pimenta do reino a gosto

Preparo:
Misture a carne, o vinho, o alho, a cebola e o conhaque em uma travessa. Cubra e deixe marinar por pelo menos 3 horas, ou se possível tente fazer esta etapa na noite anterior.
Depois deste período escorra a carne e reserve a marinada.
Refogue a carne e a calabresa com um pouco de azeite até dourar. Acrescente o sal, a pimenta do reino, a noz moscada e a farinha. Misture por mais uns 2 minutos, junte a marinada e o extrato de tomate à carne e deixe ferver.
Acrescente o bouque garni, reduza para o fogo bem baixinho e deixe cozinhar por mais ou menos 1 hora, mexendo de vez em quando.
Neste momento acrescente a cenoura picada em cubinhos e deixe cozinhar por mais 40 minutos, a idéia é que o caldo ganhe uma consistência espessa e a carne fique bem macia.
Agora está acabando: acrescente os cogumelos e as cebolinhas em conserva e cozinhe por mais 10 minutos. Experimente e corrija o sal se necessario. Está pronto!
Pra acompanhar a combinação clássica é o purê de batata, mas também já servimos em pequenos pães italianos, ficou muito bom também!

Dica: Preparar esse prato com um dia de antecedência deixa tudo melhor: você pode guardar na geladeira e só esquentar no dia seguinte. Além de ficar mais saboroso te deixa livre da cozinha se for receber os amigos para compartilhar essa deliciosa refeição.

Para um clássico francês, uma playlist clássica também. Salute!